Seleções - Autores

AUTORES


Adelia Prado
Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis, Minas Gerais, no dia 13 de dezembro de 1935, filha do ferroviário João do Prado Filho e de Ana Clotilde Corrêa. Em 1975, Drummond sugere a Pedro Paulo de Sena Madureira, da Editora Imago, que publique o livro de Adélia, cujos poemas lhe pareciam "fenomenais". O poeta envia os originais ao editor daquele que viria a ser Bagagem.

Alcione Araújo
André Comte-Sponville
André Malraux
Alphonsus de Guimaraens
Alvarenga Peixoto
Alvarenga Peixoto, Inácio José de (1744-1793), nasceu no Rio de Janeiro, RJ, e morreu em Mombaça, Angola. Poeta, teatrólogo, advogado, fazendeiro, juiz. Fez parte da Inconfidência Mineira e foi degredado para a África. Escreveu Obras Poéticas (1865).

Ariano Suassuna
Bartolomeu de Queiroz
Basílio da Gama
Bastos Tigre
Bastos Tigre nasceu no Recife (PE), a 12 de março de 1882, filho de Delfino da Silva Tigre e Maria Leontina Bastos Tigre. Faleceu no Rio de Janeiro, a 2 de agosto de 1957. Foi homem de múltiplos talentos, pois foi jornalista, poeta, compositor, teatrólogo, humorista, publicitário, além de engenheiro e bibliotecário.

Carlos Drummond de Andrade
Carlos Heitor Cony
Casimiro de Abreu
Abreu, Casimiro de (1837-1860), poeta romântico brasileiro. Dono de rimas cantantes, ao gosto do público, Casimiro de Abreu publicou apenas um livro, As Primaveras (1859). Filho de um rico comerciante, Casimiro de Abreu nasceu em Barra de São João (Rio de Janeiro) e cresceu no Rio, então capital do Império e centro cultural do país. Entre 1853 e 1857, estudou em Portugal. A vocação literária, porém, suplantou a vida acadêmica. Em Lisboa, iniciou-se como poeta e dramaturgo. A peça Camões e Jaú estreou no teatro D. Fernando e, nela, o autor proclama sua brasilidade, as saudades dos trópicos e refere-se a Portugal como "velho e caduco". De volta ao Brasil, dedicou-se à atividade comercial, com o apoio paterno. Mas definia este trabalho como uma "vida prosaica…que enfraquece e mata a inteligência". Morreu aos 21 anos, de tuberculose, em Nova Friburgo, estado do Rio de Janeiro. Seu poema mais famoso é Meus Oito Anos. Da segunda geração romântica brasileira, Casimiro de Abreu cultivava um lirismo de expressão simples e ingênua. Seus temas dominantes foram o amor e a saudade. Embora criticado por deslizes de linguagem e falta de embasamento filosófico, Casimiro de Abreu é admirado, justamente, pela simplicidade. Alguns versos acabaram se incorporando à linguagem corrente como, por exemplo, simpatia é quase amor,hoje nome de um famoso bloco do carnaval carioca.Cassiano Ricardo

Castro Alves
Cecília Meireles
Clarice Lispector
Cláudio Manoel da Costa
Dom Duarte
Dostoïevski
Eça de Queiroz
Edgar Alan Pöe
Erico Verissimo
Fernando Brant
Fernando Pessoa
Pessoa, Fernando (1888-1935), poeta português. Nasceu e morreu em Lisboa. Segundo um ensaio de Jorge de Sena, o escritor Jean Cocteau, referindo-se a Victor Hugo, dizia que "Victor Hugo c'était un fou qui se croyait Victor Hugo" (Victor Hugo era um louco que acreditava ser Victor Hugo). Esta mesma frase, no plural, pode ser aplicada a Fernando Pessoa: muitos loucos que acreditavam ser Fernando Pessoa. Dementes com vários nomes e estilos que o poeta ocultou em seus heterônimos: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares, Antônio Mora, Vicente Guedes, Carlos Otto, C. Pacheco. Para cada nome, uma personalidade e um estilo. Fernando Pessoa foi, simultaneamente, um poeta português em sentimento e linguagem; um literato inglês que pensava em inglês e que escreveu sobre Antínoo; um inimigo dos dogmas; um "banqueiro anarquista"; um crítico esteticista etc. É de Bernardo Soares o verso "minha pátria é minha língua". Em sua obra, Álvaro de Campos desenvolveu a obsessão sonho/realidade que percorre toda obra de Pessoa: "…a sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro". Alberto Caeiro enfrentava a realidade angustiante do cotidiano do poeta, quando afirmava "acordei para a mesma vida para que tinha adormecido, até meus exércitos sonhados sofreram derrotas". Ricardo Reis escreveu poemas apaixonados à Ofélia, a mulher abandonada por Fernando Pessoa porque, "além da literatura, tudo o mais é secundário". Mas o próprio Ricardo Reis desmentiu este amor na estrofe "ninguém a outro ama, senão que ama/ o que de si há nele, ou é suposto". Entre tantas pessoas ou personas (palavra latina que significa máscara), Fernando Pessoa - intelectual, tradutor, pioneiro no movimento modernista, boêmio e bêbado - revelava alguns traços de sua visão de um mundo sujeito à instabilidade e à inconstância: "perder tempo comporta uma estética" ou, então, "ébrio de erros, perco-me por momentos de sentir-me viver". Em vida, publicou apenas um livro em português, Mensagens (1934), poemas sobre os mitos portugueses. Mas deixou incontáveis originais que, até recentemente, eram encontrados em baús de sua família. Também deixou grande quantidade de artigos, críticas e estudos publicados nas revistas Águia, A Renascença e Orfeu, esta última com apenas dois números, o segundo editado pelo próprio Fernando Pessoa. Fernando Pessoa atualizou e desenvolveu todas as vertentes poéticas portuguesas do início do século XX. E, com exceção de Mensagens e alguns poemas em inglês, toda sua obra foi publicada postumamente. Entre os títulos, de vários heterônimos, destacam-se Livro do desassossego, Poemas, Páginas de doutrina estética, Textos filosóficos, Poesias, Odes, Obras em prosa e Obra poética. Entre seus poemas destaca-se a "Salutação a Walt Whitman", anterior à "Oda a Walt Whitman", de Federico García Lorca. O poeta norte-americano Allen Ginsberg fez paródia do poema em "Salutation to Fernando Pessoa". No Livro do desassossego, "confissões" paradoxais de um escritor sem eu imutável, Pessoa reflete sobre a vida, a criação, a estupidez das guerras, os limites do pensamento, a emoção e a linguagem: "Sem sintaxe não há emoção duradoura. A imortalidade é uma função dos gramáticos".

Fernando Sabino
Gonçalves Dias
Gonçalves Dias, Antônio (1823-1864), poeta romântico brasileiro. Nasceu em Caxias, Maranhão, e faleceu em um naufrágio no litoral maranhense. Estudou direito na Universidade de Coimbra. Foi jornalista, professor do Colégio Pedro II e funcionário do ministério dos negócios estrangeiros. Realizou, por ordem do governo brasileiro, missões de coleta de documentos em arquivos europeus. Escreveu, também, memórias de interesse histórico, publicadas na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Publicou os livros de poesia Primeiros Cantos, Segundos Cantos e Últimos Cantos (1847-1861), Os timbiras (1857), devendo destacar-se as poesias Canção do Tamoio e I Juca Pirama. Principal expressão do indianismo dentro do movimento romântico, sua poesia é panteísta, lírica e bucólica, valorizando o papel da natureza com intimismo psicológico, marcado pela nostalgia e pela tristeza.

Guimarães Júnior
Guimarães Rosa
Guimarães Rosa, João (1908-1967), escritor modernista brasileiro, nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, e faleceu no Rio de Janeiro. Formado em Medicina, exerceu a profissão no interior de Minas Gerais. Ingressou, em 1934, na carreira diplomática exercendo postos no exterior. Publicou Sagarana (1946), Corpo de baile (1956) e Grande sertão: veredas (1956). O primeiro, e sobretudo o terceiro livro, alcançaram grande repercussão no Brasil e no exterior. Autor modernista, interessou-se pela temática regionalista, mas sem cair no descritivismo. Valorizou experiências com a linguagem, incorporando a seu vocabulário grande quantidade de expressões peculiares. Eram os neologismos que criava, às vezes fazendo uma justaposição de palavras existentes. Este procedimento evidencia-se, principalmente, em Grande sertão: veredas, romance no qual narra os conflitos de um sertanejo oscilando entre Deus e o demônio. Grande sertão: veredas constitui um dos pontos altos da ficção brasileira.

Helio Pellegrino
Hilda Hilst
Ítalo Calvino
Jean Galard
Jorge Amado
Jorge Luiz Borges
Borges, Jorge Luis (1899-1986), escritor argentino considerado uma das figuras proeminentes da literatura hispano-americana e universal. Nascido em Buenos Aires, participou da criação de publicações como Prisma, Proa e Martín Fierro, e escreveu poesia lírica, recopilada em Fervor de Buenos Aires (1923), Luna de enfrente (1925) e Cuaderno San Martín (1929). Apesar de ter ficado cego, foi diretor da Biblioteca Nacional e professor de literatura inglesa na Universidade de Buenos Aires. Publicou a Antologia da literatura fantástica (1940), com Adolfo Bioy Casares, e escreveu os ensaios reunidos em Inquisições(1925). Além de Ficções (1944), considerado um marco do conto moderno e um exemplo perfeito da obra borgiana, destacam-se: História universal da infâmia (1935), O aleph (1949), El hacedor (1960) e O informe de Brodie (1970).

José Eduardo Agualusa
José Guilherme Merquior
Merquior, José Guilherme (1941-1991), diplomata e filósofo. Destacou-se pela erudição e espírito polêmico. Atacava, principalmente, o marxismo, a psicanálise e o formalismo estético. Merquior tinha dois doutorados, um na Sorbonne (França) e outro na London School of Economics (Inglaterra), onde estudou com Aron, Lévi-Strauss, Dahrendorf e E. Gellner. Introduziu no Brasil a discussão sobre os conceitos antropológicos de Claude Lévi-Strauss e sobre os filósofos da Escola de Frankfurt, dos quais discordava. Publicou 20 livros, entre eles, O Marxismo Ocidental (1987), Liberalismo Antigo e Moderno (1990), De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira (1977) Foucault ou o niilismo de cátedra (1985), Rousseau e Weber (1980). Aderiu à uma linha de pensamento crítico, aceitando o fim da metafísica e entendendo a filosofia como epistemologia e antropologia. Seus livros mais característicos são A Natureza do Processo (1984) e Argumento Liberal (1985), onde expõe sua adesão ao liberalismo social. Crítico literário, José Guilherme Merquior pertenceu à Academia Brasileira de Letras. Seu livro De Praga a Paris, publicado em Londres (1986), foi lançado postumamente no Brasil.

José Saramago
Lêdo Ivo
Ivo, Lêdo (1924- ), poeta e tradutor brasileiro. Nasceu em Maceió, Alagoas, e reside no Rio de Janeiro, RJ. Integra a geração de 45. Estreou com As imaginações (1944), tendo publicado obra numerosa: Ode e elegia (1945), Linguagem (1951), Magias (1960), Finisterra (1972), Calabar (1985), Crepúsculo civil (1990). Sua poesia funde o moderno e o antigo em linguagem rica, sem descuidar da forma ("Exilado na multidão/ sou silêncio e segredo, e venho/ quando os outros vão."). Notável pela multiplicidade do seu talento, destacou-se com igual sucesso no ensaio (Poesia observada, 1967), no romance (Ninho de cobras, 1973), no conto e na crônica.

Lima Barreto
Lima Barreto, Afonso H. de (1881-1922), romancista, contista e cronista brasileiro. Nasceu no Rio de Janeiro, RJ, onde faleceu. Com uma linguagem simples - e, para recriar a fala popular, às vezes agramatical -, enfocou o subúrbio carioca, os marginalizados sociais, a hipocrisia dos burgueses, dos políticos e dos acadêmicos ("Quanto mais incompreensível é ela [a língua], mais admirado é o escritor que a escreve, por todos que não lhe entenderam o escrito."). Acusado de desleixado, vítima de preconceito e privação, Lima Barreto teve um destino trágico devido ao alcoolismo. Entre romances, contos, sátiras políticas e literárias, artigos, crônicas e memórias, deixou-nos, entre outros, Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909), Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), Os bruzundangas (1923), Impressões de leitura (crítica, 1955), Cemitério dos vivos (1956).

Lúcio Cardoso
Luís Fernando Veríssimo
Veríssimo, Luís Fernando, (1936- ), cronista brasileiro. Nasceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, onde reside. Um dos mais populares cronistas do Brasil contemporâneo, é um crítico contundente de nossa vida social e desacertos políticos. Humor e ironia são elementos fundamentais de seu estilo: "Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften profissional." Publicou dezenas de livros: O popular (1973), O analista de Bagé (1981), Comédias da vida privada (1994), Novas comédias da vida pública: A versão dos afogados (1997). Filho do escritor Érico Veríssimo, Luís Fernando Veríssimo escreveu um romance, O jardim do diabo (1987). Dedica-se à literatura infantil, à charge e faz roteiros para televisão. É, ainda, saxofonista amador.

Luís Guimarães Júnior
Guimarães Júnior, Luís Caetano Pereira, (1847-1898), Nasceu no Rio de Janeiro, RJ e faleceu em Lisboa. Diplomata, poeta romancista, teatrólogo. Obras principais: Lírio Branco (romance, 1862; Uma Cena Contemporânea (teatro, 1862); Corimbos (poesia, 1866); Filigranas (ficção, 1872); Sonetos e Rimas (poesia, 1880).

Luís Vaz de Camões
Camões, Luís Vaz de (c. 1524-1580), um dos mais representativos poetas portugueses. Nasceu provavelmente em Lisboa, cidade onde morreu. Sua obra Os Lusíadas, publicada em 1572 após passar pela censura da Inquisição, consolidou a língua portuguesa e é considerada o poema épico nacional lusitano. Além de Os Lusíadas, Camões só publicou, enquanto viveu, mais três poemas. Pouco se sabe sobre a vida de Luís Vaz de Camões. Acredita-se que tenha estudado na Universidade de Coimbra, onde teria se formado em Artes. Apesar de não ser rica, sua família freqüentava a corte, o que lhe valeu a chance de aproximar-se de Dom João III. Porém, uma aventura amorosa com uma das damas-de-companhia da rainha Catarina de Ataíde levou-o ao desterro no Ribatejo. Estudiosos da obra de Camões acreditam que seus versos de amor foram inspirados nesta paixão tumultuada e perdida. Em 1547, afastado da capital, virtualmente exilado, Camões decidiu seguir a carreira militar e partiu para o norte da África. Combatendo em Ceuta, perdeu o olho direito. Em 1550, retornou a Lisboa onde intercalou sua vida entre a corte, que voltara a lhe abrir as portas, e noitadas boêmias. Em uma briga de rua, feriu um cavalariço do rei e foi condenado a um ano de prisão. Nesta época, já havia começado a trabalhar em Os Lusíadas, um canto de louvor ao descobrimento da rota marítima para as Índias pelo navegador Vasco da Gama. Libertado em 1553, Camões partiu para combater na Índia. Depois, foi transferido para Macau. Em 1559, acusado de extorsão, enviaram-no para a Índia, viagem em que sobreviveu a um naufrágio. Em 1570, voltou a Portugal, via Moçambique, com o manuscrito de Os Lusíadas ainda inédito. Após a publicação - apesar da fama transitória e de uma pensão que lhe foi outorgada pelo rei Dom Sebastião - Camões iniciou um caminho de decadência em que chegou a comer por favor de amigos. Morreu pobre e esquecido. Os Lusíadas, escrito em dez cantos de versos octassílabos, foi influenciado tanto pela Eneida, de Virgílio, como por Orlando Furioso, do poeta italiano Ludovico Ariosto. Entrelaçadas com a história da viagem de Vasco da Gama, Camões louva a história portuguesa, as idéias cristãs e os sentimentos humanistas. Mas, ainda que exalte as façanhas dos lusitanos. A fama de Luís Vaz de Camões também se deve a numerosos poemas publicados postumamente: 211 sonetos, 142 redondilhas, 15 canções, 13 odes, nove églogas (ver Poesia pastoril), cinco oitavas, incontáveis cartas e três peças teatrais, duas das quais baseadas em modelos do teatro clássico. O tema principal da poesia de Camões é o conflito entre o amor apaixonado e sensual e o idéia neoplatônica de amor espiritual. Sua obra, de notável perfeição e simplicidade formal, levou Wilhelm Storck a chamá-lo de "filho legítimo do Renascimento e humanista dos mais doutos e distintos de seu tempo".

Machado de Assis
Machado de Assis, Joaquim Maria (1839-1908), romancista, contista, dramaturgo e poeta que alcançou o ponto mais alto e equilibrado da prosa realista brasileira. Nasceu no morro do Livramento, Rio de Janeiro, filho de um pintor mulato e uma lavadeira açoriana. Órfão de ambos na primeira infância, foi criado por uma mulher chamada Maria Ignês. Frágil, gago, epilético, Machado de Assis tornou-se um adulto reservado e tímido. Alfabetizou-se em uma escola pública e recebeu aulas de francês e latim, mas foi um autodidata em sua vasta cultura literária. Aos 16 anos trabalhava como tipógrafo-aprendiz na Imprensa Nacional. Antes dos 20 anos, já era jornalista no Correio Mercantil. Casou-se, aos 30 anos, com a portuguesa Carolina Xavier de Novais, sua companheira de vida e inspiradora da bela personagem dona Carmo, do livro Memorial de Aires. Escreveu, na década de 1860, todas as suas comédias, irônicos episódios do cotidiano em que já aparece sua decidida e definitiva recusa às convenções sociais. Nos anos 1870 e 1880, os contos e romances de sua fase “romântica” — Contos fluminenses, Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia —, esboçam, em finos retratos femininos, a força do papel social como segunda e imposta natureza ou as pressões que impelem os personagens a mudar de status ou classe social. Entre 1878 e 1880, antes do salto qualitativo que representa o romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), criou contos e poemas que se tornaram obrigatórios em todas as antologias da língua portuguesa. Este período é marcado pelo humor muito pessoal, o distanciamento crítico, e a sutileza de análise de atitudes e comportamentos humanos, mesclada a uma fina ironia em relação aos valores sociais. Exemplos disso são os contos Filosofia de um par de botas, O alienista e os poemas A mosca azul e Círculo vicioso. Seguiram-se, entre outros, Histórias sem data (1884) e os romances Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), em que a crescente riqueza de temas e possibilidades narrativas vai desenhando, em fina ironia, a sociedade e as forças do inconsciente que movem os interesses de posição, prestígio, dinheiro e poder pelos quais esfalfam-se os homens, gerando um mundo em que o pobre, o louco e o diferente são sempre expulsos ou abandonados. A essa altura, já considerado um dos maiores escritores brasileiros e com grande prestígio no meio intelectual, Machado de Assis fundou, com outros escritores, a Academia Brasileira de Letras, da qual foi o primeiro presidente. Promoveu poetas e escritores novos — apesar de continuar marcante seu temperamento “casmurro” e, ao final de sua vida, demonstrar também um certo desligamento das questões políticas. Em seu último romance, Memorial de Aires (1908), Machado de Assis revelou sua desencantada, filosófica, mas quase terna compreensão e aceitação da fragilidade e da futilidade humanas.

Manuel Bandeira
Souza Bandeira Filho, Manuel Carneiro de (1886-1968), poeta e ensaísta brasileiro que nasceu em Recife, Pernambuco.Fez seus estudos secundários no Rio de Janeiro, no Colégio Pedro II, do qual seria posteriormente professor de literatura. Começou em São Paulo a carreira de engenheiro, que não terminou porque ficou doente de tuberculose, e foi recuperar-se na Suíça. Foi inspetor federal de ensino, professor de literatura hispano-americana na Universidade do Brasil. Colaborou com a imprensa, preparou antologias e escreveu sobre crítica literária e história. Na Suíça conheceu o simbolismo e o pós-simbolismo francês, que influíram em seus primeiros livros, Cinzas das horas (1917) e Carnaval (1919). Desde 1912 começou a usar em sua poesia o verso livre. Participou do modernismo de 1922. Dentro da nova estética, sua primeira obra foi Ritmo dissoluto e Libertinagem (1930), onde começou a inserir motivos e termos prosaicos na literatura. Sua prosa conserva a variedade criadora do parnasianismo (ver Parnasianos) e está marcada pela paixão de viver, expressada em forma lírica e intimista. A presença do biógrafo se manifesta na interiorização de figuras familiares (Profundamente e Irene do céu). As imagens brasileiras aparecem, por exemplo, em Evocação do Recife. Nos livros de sua maturidade reaparece a métrica clássica e popular. Mafuá do malungo (1948) contem jogos onomásticos, dedicatórias rimadas e sátiras políticas. Merecem menção, também, os poemarios Estrela da manhã (1936), Estrela da tarde (1966), Estrela da vida interior (1966). Sua obra em prosa abrange as Crônicas da Província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções da História da Literatura (1940), Literatura Hispano-americana (1949), Gonçalves Dias (1952), Memórias. Itinerário de Passárgada (1954) e Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966). Morreu no Rio de Janeiro.

Mario de Andrade
Mário Quintana
Quintana, Mário (1906-1994), poeta brasileiro. Nasceu em Alegrete e faleceu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Modernista que não se deixou influenciar por nenhuma tendência literária, respeitando sempre sua própria poesia, criou um universo particular, caracterizado pela visão irônica e contemplativa do mundo. Seus temas são universais: a morte, a infância perdida, o tempo ("Eu quero os meus brinquedos novamente! / Sou um pobre menino… acreditai… / Que envelheceu, um dia, de repente!…"). Seu inconfundível lirismo é de um poeta em estado puro, numa fusão de arte e vida. Entre suas obras destacam-se A rua dos cataventos (1940), Sapato florido (1948), O aprendiz de feiticeiro (1950), Pé de pilão (1968, infantil), Esconderijos do tempo (1980) e Preparativos de viagem(1987).

Mia Couto
Miguel de Cervantes y Saavedra
Millôr Fernandes
Millôr Fernandes (1924- ), cronista, cartunista, teatrólogo, jornalista e poeta brasileiro. Natural do Rio de Janeiro, RJ. Iniciando sua carreira jornalística muito jovem (aos treze anos de idade), sempre esteve ligado a grandes órgãos da imprensa nacional (O Cruzeiro, O Pasquim, Veja, Jornal do Brasil). Suas múltiplas formas de expressão têm um denominador comum no humor, notadamente o humor político, a sátira político-social, a crítica da sociedade ("Brasil, um país em que até o ponto facultativo é obrigatório."). Ao lado disto, tem uma marcante inquietação com as possibilidades da palavra. Entre seus títulos destacam-se Tempo e contratempo (1954), Fábulas fabulosas (1963), O homem do princípio ao fim (1978), Millôr definitivo: A bíblia do caos (1994).

Monteiro Lobato
Lobato, Monteiro (1822-1948), escritor brasileiro. Nasceu em Taubaté e faleceu em São Paulo, SP. Autor de obra numerosa e variada, abrangendo romances (Negrinha, 1920), contos (Urupês, 1918; Cidades mortas, 1919), crônicas, ensaios, discursos, correspondência e principalmente literatura infanto-juvenil (O Pica-pau amarelo, Serões de dona Benta), da qual é um dos expoentes. Polemizou com os modernistas. Contra a importação de idéias estrangeiras, afirmava a identidade e a soberania nacional (O escândalo do petróleo, 1936). Criou o imortal jeca tatu, crítica feroz ao subdesenvolvido caipira, posição que, mais tarde, Monteiro Lobato reviu: "Os outros, os que falam francês […], esses, meu caro Jeca Tatu, esses têm na alma todas as verminoses que tu tens no corpo."

Murilo Mendes
Nelson Rodrigues
Olavo Bilac
Bilac, Olavo Brás Martins dos Guimarães (1865-1918), famoso poeta brasileiro e figura significativa na vida pública de seu país. Teve carreira ilustre na literatura e na política, foi orador eloqüente e defendeu importantes causas sociais. Nasceu no Rio de Janeiro no dia 16 de dezembro de 1865. Estudou medicina, profissão que abandonou pelo direito, que mais tarde, por sua vez, trocou pela literatura. Sua primeira coleção de versos, Poesias (1888), assegurou-lhe a fama. Apesar de ter apenas 23 anos quando o livro foi publicado, seus poemas já mostravam as características que marcariam suas obras mais maduras: o requinte formal acompanhado de grande sensualidade. Foi uma das figuras básicas do parnasianismo brasileiro, que pregava a objetividade, a contenção das emoções e a impassibilidade frente a qualquer tema. Os 35 sonetos de Via Láctea resumem sua obra lírica, cantando o tema que mais o entusiasmava, o amor sensual. Conseguiu neles alguns de seus melhores e mais conhecidos versos, como "Ora (direis) ouvir estrelas!". Em obras posteriores desenvolveu temas históricos e filosóficos. O caçador de esmeraldas é um poema épico sobre os bandeirantes. Tarde (1919), publicação póstuma, é mais reflexiva e nostálgica. Bilac foi um homem de letras ativo, escreveu artigos jornalísticos, ensaios de crítica literária, fez conferências e colaborou com outros escritores. Publicou um tratado de métrica e histórias patrióticas para as escolas. Fez campanha pelo serviço militar obrigatório, como forma de combater o analfabetismo e representou o Brasil no Congresso Pan-americano de Buenos Aires de 1910. Chamado "o príncipe dos poetas brasileiros", foi muito lido e teve muito prestígio em sua época, mas sua reputação entrou em baixa durante o período modernista. Morreu no dia 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.

Oswaldo França Júnior
Otto Lara Resende
Paulo Mendes Campos
Paulo Rónai
Pedro Nava
Petrarca
Raimundo Corrêa
Rubem Braga
Vinícius de Moraes
Morais, Vinícius de (1913-1980), poeta, diplomata e compositor brasileiro, autor de centenas de sambas e bossas-novas. Nasceu em 19 de outubro de 1913 no Rio e morreu em 8 de julho de 1980. Também escritor e cantor, publicou seu primeiro livro de versos, Caminho para a distância, em 1933. Após uma primeira fase mística passou a outra mais singela e carnal. Apesar das preocupações sociais (como em Operário em construção), foi fundamentalmente o poeta do amor ("…Que não seja imortal, posto que é chama,/ mas que seja infinito enquanto dure"). Em 1956 encontrou-se com Tom Jobim, com quem compôs sua mais celebre canção, A garota de Ipanema, e muitos outros sucessos. Também trabalhou como Carlos Lyra, Francis Hime, Edu Lobo, Chico Buarque, Pixinguinha, Ary Barroso, Adoniram Barbosa, Baden Powell e Toquinho. Com Baden Powell compôs os afro-sambas, inspirados na tradição cultural e musical da Bahia. Popular graças à música, Vinícius entretanto preferia ser reconhecido como poeta.