quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Fernando Pessoa - Cartas de Amor


CARTAS DE AMOR

Quanto a mim...
O amor passou.
Eu só lhe peço que não faça como a gente vulgar,
e não me volte a cara quando passe por si,
nem tenha de mim uma recordação
em que entre o rancor.

Fiquemos, um perante o outro,
como dois conhecidos desde a infância,
que se amaram um pouco quando meninos, e,
embora na vida adulta
sigam suas afeições, conservam num escaninho da alma
a memória de seu amor antigo e inútil.

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