quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Otto Lara Resende - O Caminho para o Soneto

O CAMINHO PARA O SONETO
Un rêveur est toujours mauvais poète. (Jean Cocteau)
Vinicius de Moraes estreou em 1933, aos vinte anos, com O caminho para a distância – um livro, a começar pelo título, embriagado pela vertigem das grandes abstrações e das grandes alturas. Com invocações ao Espírito e à Verdade – tudo com maiúsculas –, o poeta reivindica um lugar privilegiado, como ser assinalado e meio esotérico, compassivo para com os homens, mas certamente ainda de todos os homens:

A vida do poeta tem um ritmo diferente.
E a sua alma é uma parcela do infinito distante.
Sua alma sofre "pavorosamente a dor de ser privilegiada". O poeta está comprometido, como um missionário, com "o infinito que ninguém sonda e ninguém compreende":
Ele é o eterno errante dos caminhos
Que vai pisando a terra e olhando o céu.
Na verdade, olhava mais o céu do que pisava a terra, a que se sentia, contudo, atraído por uma incoercível, terrena e já evidente – pelo menos nas entrelinhas – lei da gravidade.

Ao primeiro livro, segue-se Forma e Exegese, que é de 1935, no qual o autor anunciava de cara – em preparo – um romance (O conhecimento do Amor) e novo livro de poemas (A face dos Anjos), dois títulos expressivos e reveladores. Amor e Anjos, ambos com A grande, eram entidades próximas, senão a face de um mesmo e único Mistério (também com M grande). A dedicatória, mantém-se na mesma soberba atitude:


A Jean-Arthur Rimbaud
e
Jacques Rivière
em Deus.
Em Forma e exegese, já está um dos primeiros poemas que Vinicius selecionaria para a sua Antologia poética – "Ausência", no qual o lírico dribla o cipoal de angústias e metafísicas em que o poeta altíssimo andava enredado. Forma e Exegese respira o mesmo estro que O Caminho para a Distância, mas é ainda mais ambicioso, mais altissonante, mais pomposo. O poeta espraia-se num ritmo solene, é um sacerdote que, do alto de sua sapiência, fala à turbamulta, sem com ela confundir-se.

Em 1936, surge Ariana, a mulher, que, segundo o próprio autor, encerra "a sua fase transcendental", sim; mística, nem tanto, a menos que se tome a palavra no sentido vulgar, de alegórico, ou esotérico, e que estará mais próxima de um juvenil mistifório do que de um misticismo contemplativo. A verdade, porém, é que Ariana, mais do que o sotaque antigo, guarda ainda a opulenta retórica da primeira fase e nela assenta como a luva à mão.


A data da mudança que se operou no poeta não pode ser fixada com precisão, mas é fora de dúvida que ele, que só celebrava no altar de Rimbaud e outros clérigos de alto coturno, transitou do reino do sublime para o plano do real. Despejou-se da contemplação narcisista de seus provavelmente imaginários tormentos pessoais. A linguagem, como tinha de ser, desce ao natural, senão ao coloquial. Desaparece os sustenidos artificiosos e os falsetes que não lhe pertenciam. O poeta deixa de fazer pose: cedo enjoa de orgulhosas inquietações mais ou menos postiças e, no seu caso, de uma ênfase muito mais adolescente do que poética. Nessa primeira fase, de que forma e exegese, até pelo título, é tão característica, o ritmo é largo, claudeliano, ou brasileiramente schmidtiano (não nos esqueçamos de Schmidt, editor do livro de estréia de Vinicius, foi, com este, objeto de um longo estudo apologético de Otávio de Faria – Dois poetas). As metáforas, pandas, têm então envergadura condoreira e buscam, aflita e presunçosamente, uma eloqüência que abomina o silêncio e execra o comezinho.

Dentro de um contexto de reação às trivialidades, às piadas e às rastacuerices da onda nordestina, que vinha de 1922, o poeta emposta e alça a voz para contar "mulher desespero", a "que perpetua o desespero humano", o "ser ignorado". O "fardo da carne" acentua os espasmos de uma adolescência literariamente manipulada para encher o seu farnel metafórico. O que lhe importa não é ver o que existe e o cerca. Cuida de entrever mais do que de ver. É um vidente, à maneira de Rimbaud. A inspiração confunde-se freqüentemente com o delírio, ainda que fabricado a duras penas. Além de feroz e altíssimo, como se confessa, o poeta quase imberbe é grave, gravíssimo, até que a aceitação do real o convide a deixar de ser inquilino do sublime, a recolher as velas de sua inspiração. É natural, pois, que a princípio a mudança lhe soe como empobrecimento:

Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem.
Feito homem, homem entre homens, homem entre coisas, o poeta se dá conta de seus cinco sentidos alertas, que de resto nunca lhe faltaram, pois os eflúvios místicos – vá lá – de sua fase sublime sempre se mesclaram de inequívocos arrancos sensuais, sobretudo em O caminho para a distância, quando ele estava, quem sabe, menos consciente de sua aristocrática missão de... (ou de vate, à escolha).

Descendo ao concreto, o poeta faz as pazes com a vida. Caminha para assumir a sua naturalidade. Livra-se das penas de pavão e de águia que se tinha acrescentado. Já não é uma ave do paraíso. Não mais necessita de exacerbar, por vanglória de super-homem, as razões de sua angústia. Ao contrário, procura apaziguá-los. Descobre o chão em que pisa, encara o cotidiano e não se envergonha – a partir de Novos poemas – de falar como todo mundo, tão coloquial quanto... Manuel Bandeira (que de resto lhe fornece a epígrafe para aquele livro: "Todos os ritmos, sobretudo os inumeráveis"). A prosa já não é desdenhosa; não é contra, mas a favor; não se derrama em apóstrofes nem se despenha em cascatas espumejantes para inglês ver; nasce do encontro e não do conflito, da aliança e não do atrito. Poeta e cidadão se encontram, entendem-se, falam a mesma linha.

E a mulher se encarna. Ainda estará longe do padrão meio faceto e muito íntimo da famosa "Receita de mulher", mas já não é mais uma transfiguração perturbadora e etérea – espécie de fantasma inexistente de um castelo que também não existe. A mulher agora é gente, vai ser companheira e amiga:
Não, tu não és um sonho, és a existência
Tens carne, tens fadiga e tens pudor
No calmo peito teu.
O poeta reconhece os amigos: "Soneto a Otávio de Faria", "Saudade de Manuel Bandeira", "Balada de Pedro Nava", "Mensagem a Rubem Braga", "Máscara mortuária de Graciliano Ramos", "A última viagem de Jayme Ovalle". Volta-se para o tempo presente, esquece a poesia de timbre apocalíptico. Talvez já não pense na posteridade, e, por isso, quem sabe, começa a assegurá-la. Os poetas intelectuais franceses e os poetas metafísicos ingleses fazem parte de uma aventura espiritual encerrada. Pablo Neruda, sensual e social, e Garcia Lorca, valorizado pelo martírio, tornam-se familiares. Vinicius veste-se sob medida, põe-se à vontade dentro de um lirismo que, sobretudo a partir de Cinco elegias (1943), está mais solto, mais desenvolto. Os largos versos de largo fôlego despem a sua adjetiva púrpura da nobreza perfunctória – e duvidosa. O poeta multiplica os seus ritmos e persegue a sua substância, desvenda as próprias terras. Dispõe de um instrumento hábil e adestrado. Sua manipulação do verso é acrobática, com uma flexibilidade musical capaz de fazer misérias.

É a época das baladas. A "Balada do Mangue", cuja publicação na Revista do Brasil constitui um caso nacional. "Rosário", em que se viram reminiscências lorquianas ("La casada infiel"). A "Balada das meninas de bicicleta", a "das arquivistas", a da "Moça do mira-mar" e, mais tarde, a "das duas mocinhas de Botafogo": a mulher já não tem nada da idealização de musa incorpórea. Das pobres flores gonocócicas à amada, a mulher agora é de carne e osso. Mulher que trabalha, que anda de bicicleta, que habita em suma a cidade do real. E porque aí também habita, o poeta está impregnado de uma consciência social que o convoca para as preocupações de seu tempo. Tempo de guerra: "Balada dos mortos dos campos de concentração", "A bomba atômica", "A rosa de Hiroshima". De um certo desdém altivo, que não lhe era genuíno. Vinicius caminha assim para a compreensão e depois para a via larga e misericordiosa da absolvição geral:
Tende piedade, Senhor, de todas as mulheres.
A matéria do poeta "a que foi dado se perder de amor pelo seu semelhante" é a vida – "e só a vida, com tudo o que ela tem de sórdida e de sublime". Nada que é humano lhe é estranho. Uma sublimidade pejorativamente angélica cede lugar ao "sentimento da fecundidade da vida". A fórmula viniciana de viver intensamente guarda, contudo, ressaibos da antiga sede de absoluto, ou qualquer coisa parecida: a consciência do insatisfatório, a certeza de que tudo afinal é pouco. Mas o poeta é um bicho da terra e opera no horizonte de suas experiências, de seu comércio humano, sem as moedas falsas de que trazia cheias os bolsos no começo de um caminho que se pretendia para a distância, mas não foi.

Pouco importa o que se tenha, moralmente, ou metafisicamente, a dizer sobre a qualidade do espetáculo do mundo – Vinicius é um protagonista que não se esconde nos bastidores. Dá-se, empenha-se, age como age. Sua poética, como na vida, abre-se por isso cordial e fraterna. Sua casa é "grande e clara", as janelas abertas, abertas as portas: "Entrai, irmãos meus!". O sentimento da convivência, da comunhão, banha o poeta e o homem (e haverá distinção entre um e outro?), banha sua obra: "A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristecia também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da evocação, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.".

Tomado o partido do sentimento contra o ressentimento, o poeta afasta a solidão que se confunde com o orgulho e o menoscabo. Não mais para exaltar-se, mas para exaltar a vida, sente-se e faz-se intérprete e, se muito permitem, se desintelectualiza. E assim alarga o campo de sua comunicação com o grande público que lhe confere a palma palpável de sua glória.

Essa comunicação mais ampla, mais numerosa e até mais fácil pedirá a cooperação da música. A fusão sempre é viável nesse poeta do encontro. Poema e canção se casam, convivem amigável e respeitosamente na penumbra de uma boîte que o público entulha para ouvir, da mesma boca, o "Berimbau", e "O dia da criação". Eu vi e dou testemunho desse hálito fresco de poesia injetado de surpresa na frivolidade burguesa e na boêmia dissipação. O poeta parece ter encontrado aquela "música que seja como o ponto de reunião de muitas vozes". Romperam-se as últimas cadeias, a palavra se fez canto, o poema se fez canção. É a popularidade. O poeta é arauto e porta-voz. Por tudo a que a vida oferece ("É claro que a vida é boa") e por tudo o que à vida falta ("Acontece que eu sou triste"), pela dialética das razões e pela sem-razão da dialética,
Mais do que nunca é preciso cantar!
Na maturidade, o apaziguamento retoma os caminhos da infância – tempo em que tudo "era indizivelmente bom". Já não importa vir perigosamente, mas afetuosamente. O poeta convive e quer bem. Torna-se o maior cantor de sua cidade, com cuja alma se identifica. Para só falar das letras de músicas, deixando de lado os poemas, entre os quais todo um livro, ainda inédito, em louvor do Rio, sucedem-se as criações na linha da tradição popular, recriada à feição de uma sensibilidade impregnada do sal de seu tempo. Pela voz do poeta, cantam os que não têm voz. O próprio morro tem vez. Vinicius abandona a tentação de um refinamento a seu alcance e dissolve-se no sentimento geral. Assim como em versos de quem conhece os segundos da técnica mais apurada cabe uma receita de feijoada, assim também, no balanço e na cadência de um samba, cabe um hino de amor à vida. O poeta altíssimo está, finalmente, na boca das multidões. Agora, sim, olha o céu, mas sobretudo pisa a terra.

Já no O Caminho para a Distância, seu livro de estréia, Vinicius divulga seus primeiros sonetos. O primeiro deles, pela ordem de paginação, "Revolta", é, claramente, um auto-convite para abandonar o pranto, a solidão, o espaço e, deixando de ser água das alturas infinitas, vir habitar o mundo:
O mundo é bom. O espaço é muito triste...
É uma antecipação premonitória do itinerário que aqui procuramos rastrear. Já o segundo soneto do O Caminho chora copiosamente: o poeta é incompreendido, um perdido, um desesperado que se esforça em demonstrar-se que é impraticável conciliar a alegria de viver com a nobre missão de poeta. Dois versos logo no primeiro quarteto definem uma pretensa filosofia de cunho romântico, tão século XIX:
A vida é um sonho vão que a vida leva
Cheio de dores tristemente mansas.
A mesma temática reaparece no terceiro e último soneto do O Caminho – "Judeu-errante", que nada tem ainda da marca pessoal de Vinicius. Essa marca só vai aparecer, nítida e finalmente livre, em Novos poemas, que se abre com "Ária para assovio", incorporada à Antologia mais tarde selecionada pelo poeta. A seguir, "Amor nos três pavimentos" assinala a chegada de Vinicius ao mundo, ao chão de todo mundo. Fundem-se aí a linguagem do amor e a linguagem da infância. Amar é ser feliz, logo, ser criança. O poeta entre na posse de um instrumento literário capaz de lhe dar, de saída, o seu "Soneto de intimidade", a que se seguem – todos incluídos nos Novos poemas – o "Soneto à lua", "Soneto de agosto", o "Soneto de Katherine Mansfield", "Soneto de contrição", o "Soneto de devoção" e o "Soneto de inspiração".

Uma vez na posse de sua língua pessoal, Vinicius nunca mais deixará de compor os seus sonetos. Observa Paulo Mendes Campos, com razão, que "depois do modernismo, inimigo do soneto, foi Vinicius de Morais que começou a criar gosto pelo soneto de forma regular". Composição poética de 14 versos, com dois quartetos e dois tercetos, há mil maneiras de fazer um soneto, sem contar a estrambótica. O soneto está em todas as literaturas e, desde o século XIII, resiste a todas as revoluções. Não há a rigor grande poeta que não tenha sonetado – Dante, Petrarca, Shakespeare. Nas letras portuguesas, as duas mais altas vozes são de exímios sonetistas – Camões e Fernando Pessoa. O soneto é a bem dizer o cartão de identidade de um poeta. É preciso chamar-se, porém, Charles Baudelaire, ou equivalente, para manter-se na camisa de força de um soneto e de fato empreender, com disciplina e liberdade, obra pessoal, poeticamente válida.

No Brasil, depois da rigidez parnasiana, responsável por algumas peças marmóreas, mas perenes (Raimundo Correa, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira), a reação simbolista floresceu com sonetistas do porte de Alphonsus de Guimaraens e Cruz e Sousa. O movimento modernista, para originar o provinciano e sufocante ambiente literário nacional, precisou saudavelmente mover campanha mortal contra o soneto. Como era de esperar os resultados foram positivos: o soneto não morreu, mas ressurgiu renovado e, nem por isso, menos popular. Os próprios Corifeus do modernismo – Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade – conquistaram o direito de cometer os seus sonetos sem renunciar à personalidade e à poesia.

Forma poética popular desde a sua origem, o soneto é, para o poeta, como diz Paulo Mendes Campos, "um desafio e uma brincadeira". Desafio sobretudo, quero crer, pelo convite a reformar uma fórmula esgotada e sempre inesgotável; brincadeira que, como todo ato lúdico, só dá prazer dentro de um número de regras, nessa inebriante conciliação da liberdade com a disciplina.

Vinicius é um que aceitou o desafio e saiu-se bem dele. Seu lugar, na volta ao soneto, se volta houve entre nós, está historicamente assegurado. Seus sonetos, longe de serem acadêmicos, isto é, frios, natimortos, são essencialmente modernos: respira a mesma naturalidade de suas melhores composições. A lição camoniana, que por sua vez será petrarquiana, amplia, nos sonetos vinicianos, esse espaço imponderável, mas nítido, da liberdade interior, sem a qual o soneto é apenas um exercício enfadonho e bem-pensante, tendente ao sublime, mas tão só conceituoso, o que quer dizer antipoético. O cilício do soneto, para usar a expressão feliz de Carlos Dante de Moraes, como todo recurso de ascese, há-de conduzir a mais liberdade, o que no caso é também mais personalidade, ou seja – originalidade.

É fácil entender, por tudo isso, como faltava à bibliografia de Vinicius de Moraes este Livro de sonetos. Aqui se juntam todos os de sua lavra que o poeta considera realizados, impregnados, pois, de sua marca pessoal. Vários deles já correm mundo e freqüentam obrigatoriamente as coletâneas do gênero. Conquistaram, com o favor do público, o direito à permanência. É o caso de "Soneto de fidelidade", cujos ecos – pelo menos os ecos – estão em oiças. Ou do "Soneto de separação", que, como aquele, atravessa, impávido, em decassílabos espontâneos, ainda que de sabor clássico – ou camoniano, o que dá na mesma – os escolhos de um tema eterno. Na mesma linha, eu poderia citar o "Soneto do amor total". Metro e rima variam, porém, segundo as exigências do tema, ou segundo os caprichos do poeta, que é, no soneto ou fora dele, um malabarista que não recua diante do salto mortal. Aí está, entre tantos, "A pera", que não deixa mentir.

Desafiando e brincando, ao longe de 35 anos de fidelidade à poesia, Vinicius construiu este Livro de sonetos, do qual se poderá dizer, sem querer bancar o profeta, que o público já consagrou, com o que dá provas de bom-gosto e discernimento. De todas as formas poéticas, fora a quadrinha em redondilhas, o soneto é por certo a mais popular, inclusive – ou sobretudo – porque de mais fácil memorização. A unidade da peça e até o galope dos versos, quase sempre heróicos, assim como a distribuição geométrica e visual – quartetos e tercetos, são bons arrimos para a memória, que aliás, em matéria de sonetos, é ajudada pelo seu melhor servo, que é o coração. Saber de cor, no caso, é mesmo saber de coração. Também quanto a esse aspecto da acolhida popular, é fora de dúvida que Vinicius, com os seus sonetos, várias vezes acerta na mosca.

A Editora Sabiá, agindo sabiamente, ao publicar este Livro de sonetos, não fez mais do que obedecer a uma misteriosa lei natural – e é que os sonetos, como certas aves, estimam andar em bando, juntos, para juntos enfrentarem os riscos de serem abatidos, quero dizer: de serem lidos, amados e decorados.

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