ABDICAÇÃO
Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
e chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
o meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
em mãos viris e calmas entreguei;
e meu cetro e coroa – eu os deixei
na antecâmara, feitos em pedaços
minha cota de malha, tão inútil,
minhas esporas de um tinir tão fútil,
deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
e regressei à noite antiga e calma
como a paisagem ao morrer do dia.
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