Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
queria descer ao mar...
E no desvario seu,
na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
estava longe do mar...
Em como um anjo pendeu
as asas para voar...
Queria a lua do céu,
queria a luz do mar...
As asas que Deus lhe deu
ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
seu corpo desceu ao mar...
Guimaraens, Alphonsus Henrique da Costa, (1870-1921). Nasceu em Ouro Preto, MG, e morreu em Mariana, MG. Jornalista, magistrado, com Cruz e Sousa forma a dupla mais importante do simbolismo brasileiro. Obras: Setenário das Dores de Nosso Senhor e Câmara Ardente (1889); Dona Mística (poesia, 18999); Kirejale(1902); Pauvre Lyre (1921); Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte(poesia, 1923).
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